Reconstrução mamária
Outubro vem sendo adotado mundialmente como o mês de combate ao câncer de mama, o chamado “Outubro Rosa”. Isso não significa que a doença seja negligenciada durante os outros meses do ano, mas sim que neste mês são realizadas campanhas de alcance mundial de orientação e prevenção contra o câncer de mama. Hoje, com a evolução dos métodos de tratamento e também com o diagnóstico mais precoce, muitas vezes devido a este tipo de campanha, cada vez mais vem aumentando a preocupação com os resultados secundários ao tratamento e é neste momento que entra em cena o cirurgião plástico com a possibilidade da reconstrução mamária. Nos casos em que é necessária a realização da mastectomia (cirurgia para retirada da mama) a reconstrução pode ser realizada de várias formas diferentes, vou tentar aqui resumir as principais informações.
A primeira decisão a ser tomada é em relação ao momento da reconstrução, se será realizada no mesmo momento da mastectomia (o que chamamos de reconstrução imediata) ou após um período posterior à cirurgia, na estratégia que chamamos de reconstrução tardia. Ambos os métodos apresentam algumas vantagens e desvantagens e cabe ao cirurgião plástico fornecer informações suficientes à paciente para que se tome a melhor decisão, que deve ser tomada em conjunto do cirurgião com a paciente. Apesar de a reconstrução imediata apresentar uma chance maior de ocorrência de complicações relacionadas à cirurgia, hoje é consenso entre cirurgiões de todo o mundo de que é a melhor estratégia, caso não haja contra indicações.
Outra decisão a ser tomada diz respeito à técnica a ser empregada, cito algumas das mais comuns:
Reconstrução com expansores: é realizada a implantação de um expansor tecidual no momento da mastectomia. É realizada a expansão gradual do dispositivo e depois de aproximadamente três meses é realizadaa troca por uma prótese de silicone.
Reconstrução com implantes: normalmente esta técnica é restrita aos casos menos avançados de câncer de mama, onde é possível realizar uma cirurgia conservadora, preservando pele suficiente para se realizar a reconstrução com a inclusão de próteses no mesmo momento da retirada das mamas.
Reconstrução com retalho grande dorsal: é realizada com a rotação de um retalho de pele da região das costas da paciente, onde fica uma cicatriz linear que pode ser disfarçada abaixo do sutiã. Esta pele é utilizada para cobrir uma prótese de mama, que dará o volume necessário à reconstrução.
Reconstrução com retalho TRAM: o retalho TRAM ( da sigla em inglês Transverse Rectus Abdominallis Muscle) é um retalho realizado utilizando a pele excedente da região abdominal. Tem a vantagem de proporcionar a possibilidade de reconstrução sem o uso de próteses de silicone, porém é uma cirurgia de maior porte e com maiores chances de complicações. Além disso nem todas as pacientes oferecem as condições ideais para a realização deste tipo de procedimento.
Nos casos de programação de reconstrução mamária o cirurgião deve orientar amplamente a paciente para que ambos tomem a decisão quanto a melhor conduta para cada caso, cabendo ao cirurgião delimitar as possibilidades de acordo com cada caso e a paciente externar suas expectativas em relação à cirurgia.
Como dito anteriormente, é consenso de que a reconstrução imediata é a melhor conduta nos casos de câncer de mama e é um direito garantido por lei a pacientes usuárias de planos de saúde e também do sistema única de saúde. No entanto hoje no Brasil a grande maioria das pacientes submetidas a mastectomias não têm a oportunidade de realização da reconstrução mamária imediata, sendo muitas vezes submetidas apenas à reconstrução tardia, ou até em muitos casos não tendo oportunidade alguma de realizar a reconstrução. Modificar este panorama é um dos grandes desafios na melhora do atendimento às mulheres vítimas do câncer de mama.