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Aumento de glúteos: preenchimento ou prótese?



Talvez uma das cirurgias plásticas que vem ganhando maior procura nos últimos tempos seja a cirurgia de aumento de glúteos. Eu costumo fazer uma analogia com o aumento das cirurgias de prótese de mama que foi observado nas décadas de 80 e 90: naquela época, pacientes submetidas à cirurgia normalmente tentavam a todo custo manter segredo sobre as intervenções. Hoje, após um maior esclarecimento sobre as técnicas e objetivos da Cirurgia Plástica é comum vermos pacientes assumindo e discutindo abertamente acerca das cirurgias a que se submeteram. Acredito que o maior responsável por essa mudança de comportamento tenha sido a quebra do paradigma de que, até então se acreditava, “silicone no seio seria coisa pra mulheres vulgares”. Atualmente eu ainda vejo um comportamento semelhante a esse nas pacientes que pensam em realizar um procedimento para aumento de glúteos; é comum vermos mulheres com grandes atrofias glúteas (diminuição do tamanho dos glúteos) com receio de possíveis resultados “vulgares” ou desproporcionais. À medida em que esses tabus vão sendo quebrados e as pacientes têm tomado conhecimento da qualidade dos resultados com as técnicas atuais, com resultados extremamente naturais e harmoniosos, a procura por procedimentos de aumento de glúteo vem aumentando gradativamente.

Nesse cenário ocorre também, naturalmente, um aumento da oferta de técnicas e estratégias para alcançar este objetivo e é aqui que começam a surgir opções teoricamente “mais simples e menos invasivas” para aumento de glúteos, como os preenchimentos com materiais sintéticos, como silicone, hidrogel e polimetilmetacrilato (PMMA). Nestes casos é realizada a introdução de material inicialmente em estado líquido ou em gel através de cânula, que são como grandes agulhas não cortantes. Esse material seria o responsável pelo aumento de volume das nádegas. Já a cirurgia com prótese de glúteo é realizada em ambiente hospitalar, sob anestesia, com a introdução de próteses de silicone semelhantes aos implantes de seios, mas com algumas diferenças específicas para utilização em glúteos. A paciente normalmente recebe alta no dia seguinte à cirurgia.

Dessa forma, para algumas pessoas pode parecer interessante a realização dos ditos preenchimentos, devido ao fato de não necessitar de anestesia nem internação hospitalar. Porém, ao contrário do que se pode imaginar ou até ser divulgado por alguns profissionais, a chance de complicações (inclusive complicações graves e óbito) é infinitamente maior com os preenchedores!!! E seguindo a tendência universal entre os cirurgiões plásticos de colocar a segurança do paciente acima de qualquer prioridade, não consigo imaginar motivos para se realizar este tipo de procedimento. Recentemente na mídia ganharam destaque dois casos dramáticos de complicações após preenchimento de grandes volumes com hidrogel: uma paciente que veio a óbito em Goiás após preenchimento de glúteos e a situação menos grave, porém com maior destaque midiático da modelo Andressa Urach que sofreu complicações seriíssimas após um preenchimento com hidrogel nas pernas. Acredito que, a despeito do destaque jornalístico que esses casos ganharam, eles representam as principais complicações deste tipo de procedimento: as embolias (caso da primeira paciente) e as complicações locais, como infecções e necroses de pele. Não estou advogando aqui que a cirurgia com prótese de silicone é isenta de riscos, aliás nenhum procedimento médico é, porém a chance de problemas, como já citei anteriormente, é muito maior com os preenchimentos do que com os implantes.

Outra situação que merece discussão é o caso dos enxertos de gordura, a chamada lipoescultura, esta sim realizada em larga escala por muitos cirurgiões plásticos, baseados em conhecimentos técnicos e científicos bem estabelecidos. Apesar de não apresentar grande parte das complicações relacionadas aos preenchimentos sintéticos discutidos anteriormente, alguns critérios devem ser observados, como a recomendação de não se realizar enxertos de grandes volumes, estabelecendo um limite empírico de 400 mL para cada glúteo. Aqui entra a minha opinião pessoal e o motivo pelo qual eu recomendo a colocação de próteses para aumento de glúteo: acredito que o resultado estético seja melhor! Existem alguns detalhes da lipoescultura, como remodelamento e reabsorção dos enxertos, que tornam os resultados deste tipo de preenchimento um pouco menos previsíveis do que a inclusão de prótese de glúteo, o que na minha opinião pende a balança para o lado dos implantes, deixando os enxertos de gordura com a função de corrigir pequenos defeitos de relevo, como as depressões trocanterianas (escavações na região lateral do quadril, muito comuns em pacientes com atrofia glútea).

Espero que este post tenha sido útil!

Até breve!

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